Um outro "evangelho"

22 janeiro 2017

Pregador: Adenauer Sampaio

Escrevendo aos Gálatas, o Apóstolo Paulo registra, desde o início de sua carta, o seu espanto com o fato daqueles crentes terem, em tão pouco tempo, deixado de lado a Graça e adotado um “outro evangelho” (Gl. 1.6). O escritor bíblico se referia aos judaizantes, que insistiam em impor aos cristãos a observância à lei, inclusive como forma de alcançar a salvação. Impressionava a ele o fato de cristãos, que foram inicialmente bem instruídos na Palavra, serem presas tão fáceis para aqueles que não objetivavam outra coisa que não fosse subverter a fé.

Diante desse quadro desse quadro de espanto, Paulo é enfático ao afirmar, no verso 8, do mesmo capítulo 1, que “…ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.”. E reforçou sua dura advertência no verso seguinte: “Assim, como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema.”.

Vivemos hoje tempos em que a inconstância dos gálatas se alastrou como fogo em rastilho de pólvora. A simplicidade do Evangelho foi deixada de lado. Em parte, por causa de pessoas inescrupulosas, líderes religiosos aproveitadores da fé, que usam de falácias lanejadas em seus pormenores para alcançarem verdadeiras fortunas às custas dos incautos. Mas também, não se pode deixar de notar que esses mesmos incautos só são vítimas dos estelionatários da fé porque optam, de antemão, por um “outro evangelho”. Escolhem, deliberadamente, um “evangelho” que não fala da Graça; que não aponta o plano de salvação em Jesus Cristo; que não denuncia os pecados dos homens e nem as consequências desses pecados. Ao contrário, esse “evangelho” só enxerga o aqui e o agora. O foco dele está neste mundo, corrompido e passageiro.

É com tristeza que percebemos que muitos estelionatários da fé descobriram que melhor do que vender indulgências (um dos estopins da Reforma Protestante, no Século XVI), era vender os sonhos das pessoas para este mundo. Era vender a promessa de um carro luxuoso, de uma casa, de uma vida livre de aflições. Criou-se o “evangelho ostentação”. Nele, os “pastores” (quando não “bispos” ou “apóstolos”) vendem desde cimento à vassouras; desde óleo à água; desde tecido à flores… tudo devidamente “ungido” e dotado de extremo “poder”.

Não tenho dúvidas de que esses falsos profetas serão responsabilizados por Deus, apesar de não apresentarem o mínimo temor. Não apenas pelo engano deliberado, mas sobretudo por serem a causa de todos os cristãos serem jogados nessa mesma vala comum; ou mesmo de todos os pastores serem, aos olhos dos “de fora”, comparados a esses ambiciosos inescrupulosos.

Felizmente, há uma maneira de não cairmos no “evangelho-ostentação” ou qualquer outra forma de perversão do Evangelho: o próprio Evangelho. Ou seja, o antídoto e a vacina para toda forma de engano é o conhecimento da Palavra de Deus. Não se deixe levar por tudo que você ouve, principalmente na mídia confessional. Confira se há respaldo bíblico. Faça como os bereanos, que iam “…examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim.” (Atos 17:11).

Que Deus nos abençoe e nos dê sabedoria, para que nunca deixemos o verdadeiro Evangelho do Senhor Jesus Cristo.

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